Ana Pinto Coelho acaba de ser avó. Pressentimos o sorriso na voz que chega do outro lado da linha.
A distância física não mascara a alegria de um momento tão especial na vida da diretora do Festival Mental. O pequeno Nuno é hoje a estrela que brilha no universo da mulher que teima em sacudir o estigma, e avança para a 5ª edição do festival que ilumina a Saúde Mental. Não há argumentos para desviar o olhar, “não há saúde, sem saúde mental”.
“Depende de nós a forma como olhamos para as coisas, há sempre duas perspetivas: uma que pode ser má, e outra que pode ser menos boa ou boa”, e assim se vê a teimosia da mulher que é o rosto e a alma dum festival que ganha protagonismo na vida cultural da cidade e que, ano após ano, tem cada vez mais público e mais saúde.
A caminho da 5.ª edição, prevista para maio, Ana Pinto Coelho espera que a sala do Cinema do São Jorge, em Lisboa, volte a ganhar cor e luz e vozes, celebrando o desconfinamento com um cartaz dedicado, este ano, a três temas: depressão, somatizações e eco-ansiedade.
A submissão de filmes para a mostra internacional de curtas-metragens está em marcha. “Demências, esquizofrenia, novas tecnologias, solidão”, as temáticas que se insinuam por entre centenas de histórias, e aqui ou ali, vão surgindo guiões com vista sobre a pandemia. Entretanto, há muitas conversas que sacodem o estigma. As M-Talks já circulam pela net, e o cartaz do festival vai conquistando espaço, com viagens marcadas para as ilhas, em setembro, e ainda Castelo de Vide.
Luzes, Claquete, Ação! Ana Pinto Coelho está no ar, sem tirar os pés do chão. Como ela sugere, “duas pessoas estão em pé, as duas a sentir-se mal ou a desfalecer, e amparam-se de costas para não caírem” – é esta a imagem do encontro que cruza a cultura com a saúde mental. Esta e outras imagens, numa conversa perto de si.
“Um dia de cada vez”, um programa de Teresa Dias Mendes, com cuidado técnico de João Félix Pereira