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SEGUNDA-FEIRA, 15 FEVEREIRO 2021

 

Está a decorrer, até 27 de março, a open call para a competição M-Cinema: Mostra Internacional de Curtas Metragens da 5.ª edição do Festival Mental, que acontecerá, este ano, de 20 a 23 de maio no Cinema São Jorge, em Lisboa.

open call está aberta a filmes que abordam a temática da saúde mental e psicológica, sendo aceites nas categorias de documentário, ficção e animação. Curtas-metragens que tratem a mesma temática para o segmento infanto-juvenil também estão incluídas e podem participar nesta competição, que terá, como júri, os residentes Rui Henriques Coimbra, Maria João Barros e Catarina Belo, aos quais se juntará um outro elemento convidado.

Nesta 5.ª edição, o Festival Mental reforça a sua missão de trazer para a discussão pública o tema da saúde mental, contribuindo para a diminuição do estigma a ele associado. Sendo a cultura, nas suas várias formas, uma proposta de diálogo, a iniciativa pretende cruzar estes dois temas num festival multidisciplinar, contribuindo para a construção de novos públicos e chegando diretamente às comunidades, sem centralismos.

A decorrer anualmente desde 2017, o festival dedica-se essencialmente ao cinema e informação, estando, no entanto, aberto a outras formas de expressão artística que reflitam sobre a saúde mental, com vista à promoção e prevenção.

A programação de 2021 incluirá uma série de eventos integrados de várias áreas culturais e sociais como cinema, música, dança, teatro, literatura, debate e conversas temáticas. A pensar nos mais jovens, acontecerá também o Mental Júnior e o Mental Jovem.

Este ano, o Festival Mental terá também um formato itinerante, passando também pelo Teatro Baltazar Dias, no Funchal, de 18 a 20 de junho, pela Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, de 17 a 19 de setembro e ainda pelo Cine-Teatro Mouzinho da Silveira, em Castelo de Vide, de 24 a 26 de setembro.

Texto de Flávia Brito
Fotografia de Anna Shvets via Pexels
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A open call para curtas-metragens relacionadas com saúde mental está aberta até 27 de Março.

Por 

Francisca Dias Real

Publicado Sábado 9 Janeiro 2021, 10:43

Nenhuma pandemia consegue parar a organização do Festival Mental. Depois de um 2020 atribulado e uma edição empurrada para o final do ano, em 2021 o cenário é outro: o Festival Mental regressa com a sua 5.ª edição entre 20 e 23 de Maio para voltar a quebrar estigmas e discutir a saúde mental com cinema e conversas no Cinema São Jorge.

Foi em Outubro de 2020, depois de adiamentos nas datas do evento, que o Mental ocupou pela primeira vez o São Jorge. E é lá que voltará em Maio com o mesmo formato semelhante ao de um festival de cinema cujo tema base é a saúde mental, tocando numa ferida que muitos não gostam de ver aberta. Mas, mais do que nunca, é preciso normalizar a saúde mental e os estigmas que lhe são associados.

À semelhança das edições anteriores, também a programação dividirá as atenções entre conversas, workshops, música, literatura e, claro, cinema. É precisamente nesta vertente que o Festival Mental mais quer apostar, tendo já aberto uma open call para curtas-metragens relacionadas com a saúde mental.

O concurso está a decorrer através da plataforma Film Freeway e as candidaturas podem ser submetidas de qualquer parte do mundo, sendo a data limite de participação a 27 de Março. O júri será constituído pelos residentes Rui Henriques Coimbra, Maria João Barros, Catarina Belo e Eurico de Barros (crítico da casa), aos quais se juntará um quinto elemento convidado.

Além disso, não será esquecida a programação para os mais novos, com o habitual Mental Júnior. O programa detalhado será divulgada em breve no site redes sociais do evento, num ano em que o próprio Mental terá um formato itinerante, passando por cidades como Funchal, Ponta Delgada e Castelo de Vide.

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Programa de conversas do Festival Mental dedica as próximas duas semanas a convidados da região.

Redação

redacao@regiaodeleiria.pt

22 de março de 2021 17:23

O bailarino António Casalinho e a compositora e produtora Surma, ambos de Leiria, são dos dos convidados das M-Talks 4ALL, conjunto de conversas que o Festival Mental está a promover e que durante esta e a próxima semana são dedicadas à região Centro.

O festival, que nasceu em 2017 dedicado à saúde mental, programando cinema, artes e informação, ou seja “para falar claro e abertamente sobre os problemas que as situações como as que vivemos atualmente provocam”, como sublinha a organização, lançou há um ano um programa diário de conversas.

As M-Talks 4ALL estão agora na segunda edição e são dedicadas à Recuperação e Resiliência, passando por cinco regiões do continente. Agora é o Centro que está no eixo destas conversas, iniciativa do Programa Nacional Para a Saúde Mental da Direção-Geral da Saúde em parceria com a Safe Space Portugal, produtora do Festival Mental.

A primeira semana dedicada ao Centro, arrancou esta segunda-feira com um encontro com o psiquiatra João Redondo, coordenador regional de Saúde Mental da ARS Centro.

Terça, dia 23 de março, a conversa é com a enfermeira especializada em Saúde Mental, Goreti Neves.

O bailarino António Casalinho, de Leiria, é o convidado da sessão de quarta-feira, dia 24. Carlos Antunes, arquiteto especializado em arrquitectura cavernícola, está à conversa na quinta, dia 26, encerrando a semana Surma, também de Leiria, com conversa marcada para dia 26.

As M-Talks 4ALL são transmitidas diariamente às 11 horas em vários canais: no Youtube da DGS, no Youtube do Mental e na IGTV do Instagram do Festival Mental.

Já o Festival Mental propriamente dito, tem a 5ª edição prevista de 20 a 23 de maio, no Cinema São Jorge, em Lisboa, entre outras salas que integram a programação alargada do evento.

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O Mental regressa em 2021 para desmistificar a saúde mental através da cultura e das artes. Está aberta, até 27 de Março, a fase de submissão de filmes sobre o tema.

O festival Mental quer trazer a saúde mental para discussão pública, “para quebrar o estigma e promover a literacia”, através da cultura e das artes. A quinta edição realiza-se entre os dias 20 e 23 de Maio, no Cinema São Jorge, em Lisboa. Durante o Verão, chegará, num formato adaptado, às salas de teatro do Funchal, de Ponta Delgada e Castelo de Vide.

“As pessoas dirigem-se ao médico por tudo e mais alguma coisa, menos quando estão em sofrimento psicológico, que é tão natural como partir uma perna. Vemo-lo como algo que só acontece aos outros, por causa do estigma, da vergonha, do preconceito, da iliteracia”, começa por dizer Ana Pinto Coelho, directora do festival e terapeuta especializada em adições químicas e comportamentais. A cultura, segundo a curadora, é o caminho para chegar às pessoas, colocando-as num ambiente agradável, positivo, como uma sala de espectáculos.

Dirigindo-se a todos os realizadores interessados em explorar o tema da saúde mental, a organização do festival já está a convidar à submissão de filmes, na plataforma FilmFreeWay, até 27 de Março. Os trabalhos seleccionados serão exibidos no M-Cinema, a mostra internacional de curtas-metragens do Mental.

São aceites filmes até 70 minutos, produzidos após 2016, nas categorias de documentário, ficção e animação. O júri do Mental 2021 é formado pela realizadora Catarina Belo, pelo crítico de cinema Rui Henriques Coimbra, pela psicóloga Maria João Barros, em representação da Ordem dos Psicólogos, e mais um elemento convidado.

O Mental é produzido pela Safe Space Portugal, associação sem fins lucrativos, e pelo Programa Nacional para a Saúde Mental da Direcção-Geral da Saúde. O regulamento completo para a submissão e selecção de filmes pode ser lido aqui.

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Há mais de 20 mil aplicações de saúde mental nas lojas de da Google e da Apple, e com a pandemia tornaram-se cada vez mais populares. Considerando os riscos que as apps apresentam, os especialistas defendem que o contacto com profissionais é insubstituível e que a luta por um acesso mais facilitado por parte da população é uma prioridade.
Aplicações de saúde mental: Aliadas ou inimigas? A popularidade é crescente, mas os riscos também

À medida que o receio e a ansiedade aumentaram, o contexto de crise de saúde pública da COVID-19 abriu a porta a um crescente número de soluções digitais que prometem ajudar quem está a passar por momentos mais difíceis a nível psicológico.

Segundo dados da consultora Sensor Tower, foi possível notar um aumento significativo de downloads, em particular, no que toca a aplicações desenhadas para promover o bem-estar mental dos utilizadores desde abril de 2020, isto é, cerca de um mês depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter declarado o novo coronavírus como uma pandemia.

Entre o Top 3 de aplicações mais populares são destacadas a Calm, a Headspace e a Meditopia. No entanto, o universo de soluções que existe nas lojas digitais vai muito além de apps centradas em práticas de relaxamento ou meditação. Aliás, estimativas da American Psychological Association (APA) apontam para mais de 20.000 aplicações.

Ao SAPO TEK, Renato Gomes Carvalho, psicólogo e presidente da Delegação Regional da Madeira da Ordem dos Psicólogos Portugueses, explica que a “transformação digital tem tido impacto também no campo da saúde psicológica ou da saúde mental”.

Se por um lado, o processo levou à criação de “ferramentas que têm transformado o panorama da prestação de cuidados de saúde psicológica”, muito além das teleconsultas, a “generalização do uso de smartphones abriu espaço” a toda uma nova “área de intervenção e de negócio”.

“Existem milhares de apps associadas ao campo da saúde mental e com objetivos muito variados, que vão desde o treino de relaxamento ou de outras competências, apoio psicossocial, psicoeducação, monitorização de sintomas e comportamentos, até recolha de dados. O leque é muito grande”, detalha o psicólogo.

“O QUE É NECESSÁRIO É QUE ESSAS FERRAMENTAS SEJAM TESTADAS E APRESENTEM INDICADORES DE VALIDADE, PRECISÃO E EFICÁCIA”, AFIRMA RENATO GOMES CARVALHO.

Já Ana Pinto Coelho, diretora e curadora do Festival MENTAL e terapeuta em matéria de dependências, indicou ao SAPO TEK que as aplicações levantam todo um conjunto de perguntas essenciais: desde quem está por trás delas, quem decide o que deve lá estar, que especialistas é que existem e quais são as suas credenciais, assim como, que medidas de regulação estão ou não a ser postas em prática. “Estamos a falar de saúde mental, de medicina, portanto, de assuntos muito sérios”.

Assim, que papel desempenham realmente as apps de saúde mental? Será que podem ser consideradas aliadas ou, pelo contrário, inimigas? Para encontrar uma resposta a estas questões é necessário perceber também como está o panorama da saúde mental durante a pandemia de COVID-19.

Saúde mental durante a pandemia: um panorama sombrio

Ainda em maio do ano passado, a OMS já tinha dado um alerta para o impacto da pandemia na saúde mental da população. Em declarações à imprensa internacional, Dévora Kestel, responsável do Departamento de Saúde Mental e Abuso de Substâncias da entidade sublinhou que “a situação atual, com isolamento, medo, incerteza e crise económica, pode causar distúrbios psicológicos”.

“A SAÚDE MENTAL E O BEM-ESTAR DAS SOCIEDADES FORAM SEVERAMENTE AFETADOS PELA CRISE”, AFIRMOU DÉVORA KESTEL, ACRESCENTANDO QUE “SÃO UMA PRIORIDADE QUE DEVE SER ABORDADA URGENTEMENTE”.

A OMS destacou também o aumento do número de pessoas um pouco por todo o mundo que estão a sentir os efeitos da crise na sua saúde psicológica, com um especial foco nos profissionais de saúde, crianças e adolescentes, idosos, mulheres em risco de violência doméstica e ainda pessoas que já tinham condições mentais preexistentes.

Em Portugal, o panorama não é diferente, que o digam os dados do estudo “Saúde mental em tempos de pandemia”, coordenado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, em colaboração com o Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e com a Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental.

O estudo apresentado no início deste ano revela que, de modo geral, “33,7 % dos indivíduos da população geral adulta e 44,8% dos profissionais de saúde apresentavam sinais de sofrimento psicológico”.

No que respeita à população em geral, são sobretudo as mulheres (30%) e os jovens adultos (36%) que apresentam sintomas de ansiedade e de depressão moderada a grave. Olhando para os profissionais de saúde, os que estão a tratar de doentes com COVID-19 são os mais afetados, apresentando ansiedade moderada a grave (42%). Neste grupo, 43% dos inquiridos demonstrava elevados níveis de burnout, ou seja, de exaustão física e emocional.

Em abril de 2020 foi criada a linha de aconselhamento psicológico do SNS 24, enquadrando-se numa série de medidas tomadas pelas autoridades de Saúde para dar resposta aos desafios da saúde mental dos portugueses durante a pandemia. Ao todo, desde a sua criação, a linha já atendeu 67.245 pessoas, entre as quais 5.249 profissionais de saúde, revelou Luís Goes Pinheiro, presidente da SPMS, numa recente entrevista à agência Lusa. “Ter esta linha para servir de apoio psicológico às pessoas tem-se revelado absolutamente crucial ou longo ao da pandemia”, salientou o responsável.

O contexto de maior incerteza da pandemia, que levou a um exacerbar dos problemas de saúde mental, está na base do maior nível de acesso às soluções tecnológicas disponíveis através das lojas digitais. Mas não é tudo: o momento de crise levou também levou à criação de apps para fazer face à nova realidade.

Hug-a-group quer ser um “abraço de grupo” à distância

Lançada no ano passado, por ocasião do Dia Internacional da Saúde Mental, a criação da app portuguesa Hug-a-Group partiu da própria experiência do seu fundador e CEO. Pedro Trincão Marques contou ao SAPO TEK que foi diagnosticado com perturbação de ansiedade generalizada quando era mais novo.

Perante a realidade das consultas com o psicólogo, da tomada de medicação e dos ataques de pânico, o responsável notou que não havia uma “solução comunitária” que conseguisse ligar as pessoas que estivessem em situações semelhantes.

“Foi a partir dessa lógica de ligar pessoas que surgiu a ideia para a Hug-a-Group, que depois se materializou na aplicação”. A aplicação disponibiliza um serviço de sessões de intervenção em grupo, com um custo médio de 15 euros por cada uma, sempre acompanhadas por psicólogos certificados.

“O QUE NÓS FAZEMOS NÃO É, EM TERMOS DE PSICOLOGIA, UMA COISA NOVA: NÃO REINVENTAMOS A RODA”, ADMITE PEDRO TRINCÃO MARQUES. NO ENTANTO, O FEEDBACK RECEBIDO PELOS UTILIZADORES TEM VINDO A SER POSITIVO.

Como é que a equipa da Hug-a-Group mantém a segurança da operação? Segundo o CEO, o único dado que é pedido pela própria aplicação é o email do utilizador, de modo a que este possa ser contactado. Já as sessões de grupo regem-se por regras específicas, quer do lado dos psicólogos, que mantêm os seus princípios éticos, quer dos participantes, que seguem a regra-base “o que se partilha no grupo não sai do grupo”.

Olhando para a variedade de soluções que, à semelhança da Hug-a-Group, existem na Play Store ou na App Store, Renato Gomes Carvalho, indica que “em alguns casos e pelas suas características” estas podem “ser a primeira forma de uma pessoa aceder a algum tipo de ação ou conteúdo em saúde mental, muito antes de consultar um psicólogo”.

Já para quem está a ser acompanhado por um especialista, a questão de utilização das apps “terá de ser avaliada no quadro da relação com o profissional e da intervenção que está a existir”. Porém, como salienta Ana Pinto Coelho, “as apps ainda têm muito caminho a percorrer”, alertando que os riscos devem ser seriamente considerados.

Vale mesmo a pena confiar nas apps de saúde mental?

Entre os riscos apontados, por exemplo, por especialistas como os da APA, encontram-se situações de aplicações que podem induzir os utilizadores a erro, levando-os a acreditar que sofrem de uma determinada patologia quando tal não é o caso, ou ainda casos em que as soluções tecnológicas recolhem dados médicos sem consentimento e os armazenam de forma pouco segura.

Quando questionadas pelo SAPO TEK, tanto a Google como a Huawei enfatizaram as medidas acrescidas de segurança que são tomadas nas suas lojas digitais, com políticas que estabelecem que não são permitidas aplicações que tentem enganar os utilizadores, incluindo conteúdos ou funcionalidades relacionadas com Saúde. Embora não tenha sido possível obter uma resposta por parte da Apple em tempo útil, as suas políticas apresentam princípios semelhantes.

Renato Gomes Carvalho indica que “a evidência científica atual mostra que as apps podem ser uma ferramenta útil e ter resultados. Para tal, é necessário que o seu objetivo seja bem definido, que sejam mobilizados conhecimentos de diferentes áreas do saber, como a psicologia e a engenharia, por exemplo, e que depois sejam realizados ensaios aleatorizados e controlados”.

“UM ASPECTO CENTRAL PARA QUE UMA APP RESULTE É JUSTAMENTE TER SEGUIDO ESTES PROCEDIMENTOS E A MESMA TER SIDO CRIADA COM BASE NO CONHECIMENTO DAS CIÊNCIAS PSICOLÓGICAS”, DEFENDE O ESPECIALISTA. “UMA APP EM SAÚDE MENTAL QUE NÃO FOI DESENVOLVIDA COM BASE NO CONHECIMENTO E MÉTODO CIENTÍFICO DA PSICOLOGIA É APENAS UMA APP DE ENTRETENIMENTO”.

“A confiança numa app virá naturalmente do preenchimento destes aspetos e de quem a fez. No caso de apps que permitem consultas a distância, torna-se necessário verificar que o profissional é realmente psicólogo, isto é, tem uma cédula profissional da Ordem dos Psicólogos, o que significa que tem a qualificação profissional e a vinculação a um código deontológico”.

Já Ana Coelho Pinto defende que o número crescente de aplicações que deixam dúvidas quanto à sua confiança e consequente popularização é preocupante, em particular, quando não há uma maior regulação a nível internacional e que seja guiada por autoridades de Saúde, como a OMS.

No pior dos cenários, todo o trabalho alcançado por quem “anda a lutar há anos para fazer com que a saúde mental seja menos estigmatizada, para que haja mais literacia e para fazer com que as pessoas percebam que se precisam de ajuda devem contactar os profissionais corretos” pode ser completamente destruído.

“TEMOS OBVIAMENTE A SAÚDE MENTAL AINDA EM MUITO MAU ESTADO EM PORTUGAL. MAS NÃO É PORQUE NÃO SE ESTEJA A TRABALHAR PARA CONTRARIAR ESSA TENDÊNCIA”, AFIRMA A ANA COELHO PINTO, SUBLINHANDO O QUE ESTÁ A SER FEITO PELO PROGRAMA NACIONAL PARA A SAÚDE MENTAL.

“Há que separar com muito cuidado o trigo do joio”, argumenta Ana Coelho Pinto. Para a responsável, é melhor mesmo optar mesmo por profissionais, recorrendo também às linhas telefónicas oficiais de ajuda psicológica, como a do SNS24. “Como costumamos dizer no Festival Mental, «não há saúde sem saúde mental»”.

A questão do acesso a profissionais de saúde mental “é uma questão central e muito problemática no nosso País”, enfatiza Renato Gomes Carvalho. “Sobretudo num quadro em que uma parte muito significativa das pessoas poderá não ter recursos para aceder ao setor privado, onde existe muita oferta de serviços, é preocupante que o serviço nacional de saúde não disponha dos psicólogos de que necessita, nomeadamente nos centros de saúde, para dar resposta à procura”.

Há ainda muito caminho a trilhar para que todas as evidências em relação ao “custo efetividade das intervenções psicológicas em saúde” sejam traduzidas na prática. “Julgo que como cidadãos temos também o papel de exigir que existam esses serviços junto de quem é responsável e dos nossos representantes”, reforça o psicólogo.

“Digamos que da mesma forma que reclamamos e exigimos quando não temos médico de família ou o acesso a outros serviços essenciais em Saúde, também temos de ser exigentes em relação aos serviços de psicologia, que, como temos dito, não são um luxo, mas uma necessidade”.

 

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Cultura e saúde mental

Ana Pinto Coelho acaba de ser avó. Pressentimos o sorriso na voz que chega do outro lado da linha.

A distância física não mascara a alegria de um momento tão especial na vida da diretora do Festival Mental. O pequeno Nuno é hoje a estrela que brilha no universo da mulher que teima em sacudir o estigma, e avança para a 5ª edição do festival que ilumina a Saúde Mental. Não há argumentos para desviar o olhar, “não há saúde, sem saúde mental”.

“Depende de nós a forma como olhamos para as coisas, há sempre duas perspetivas: uma que pode ser má, e outra que pode ser menos boa ou boa”, e assim se vê a teimosia da mulher que é o rosto e a alma dum festival que ganha protagonismo na vida cultural da cidade e que, ano após ano, tem cada vez mais público e mais saúde.

A caminho da 5.ª edição, prevista para maio, Ana Pinto Coelho espera que a sala do Cinema do São Jorge, em Lisboa, volte a ganhar cor e luz e vozes, celebrando o desconfinamento com um cartaz dedicado, este ano, a três temas: depressão, somatizações e eco-ansiedade.

A submissão de filmes para a mostra internacional de curtas-metragens está em marcha. “Demências, esquizofrenia, novas tecnologias, solidão”, as temáticas que se insinuam por entre centenas de histórias, e aqui ou ali, vão surgindo guiões com vista sobre a pandemia. Entretanto, há muitas conversas que sacodem o estigma. As M-Talks já circulam pela net, e o cartaz do festival vai conquistando espaço, com viagens marcadas para as ilhas, em setembro, e ainda Castelo de Vide.

Luzes, Claquete, Ação! Ana Pinto Coelho está no ar, sem tirar os pés do chão. Como ela sugere, “duas pessoas estão em pé, as duas a sentir-se mal ou a desfalecer, e amparam-se de costas para não caírem” – é esta a imagem do encontro que cruza a cultura com a saúde mental. Esta e outras imagens, numa conversa perto de si.

“Um dia de cada vez”, um programa de Teresa Dias Mendes, com cuidado técnico de João Félix Pereira